O São Paulo é campeão da Copa Sul-americana (apenas a
segunda equipe brasileira a alcançar o feito) e deve comemorar muito a conquista após empate em 0 a 0 jogando em La Bombonera, em Buenos Aires, e vitória por 2 a 0 na capital paulista na noite desta quarta-feira (12). Tanto
dirigentes, comissão técnica e jogadores quanto torcedores e amantes do futebol
merecem o título.
O espetáculo bonito, marcado pela presença de quase
70 mil pessoas ao estádio do Morumbi, sofreu tentativas de sabotagem por parte
dos argentinos do Tigre que, ao perceberem a inferioridade técnica e constatarem
não haver a menor chance de vencer o torneio desportivamente, tentaram manchar
a história do jogo com sangue e confusão. Quase deu certo, mas assim como na
Europa os canais de televisão não mostram torcedores que invadem o campo para
não lhes dar visibilidade e, assim, não incentivar outros engraçadinhos que
queiram aparecer, a imprensa esportiva no geral deve reprimir a atitude
argentina e ignorá-la para evitar mais situações do tipo. O mesmo não pode ser
dito da Conmebol, a entidade máxima do futebol sul-americano. Ela deve tomar
medidas severas para não apenas apurar o que houve no Morumbi e indicar
culpados, mas também, como dito pelo técnico são paulino Ney Franco, coibir
agressões e condições precárias de jogo em outros países da América Latina.
Sem Luis Fabiano, expulso infantilmente no jogo de ida, o São Paulo teve Willian José, que ao final da partida revelou
estar de saída para o Grêmio, como substituto e não deu chances ao acanhado
adversário. O Tigre optou, mais uma vez, por tentar reduzir os espaços do campo
e apertar a marcação individual, mas em um palco bem maior que o estádio de
Buenos Aires o Tricolor não teve dificuldades para criar jogadas e burlar a
linha de defesa do oponente. Foi um banho de bola e o 2 a 0 no placar ainda no
primeiro tempo apenas confirmou o favoritismo já esperado dos brasileiros.
Prova da "cordialidade" argentina com o Lucas (Foto: Rafael Neddermeyer/Agência O Dia)
Na saída para o intervalo, Lucas, autor do primeiro gol e de malas prontas para Paris, respondeu a uma provocação
do lateral esquerdo Orban ao mostrar o algodão ensaguentado que usava no nariz após receber
uma braçada do jogador argentino. O próprio Orban não esboçou reação, mas o
companheiro dele, Díaz, que acabou expulso no intervalo, decidiu tomar satisfações e, apesar da tentativa de
Wellington de afastar Lucas de uma possível confusão, o jogador do time
argentino foi ostensivo, agressivo e gerou tumulto próximo à entrada do
vestiário dos anfitriões.
Mais jogadores, de ambas as equipes, surgiram. Uns
queriam apartar a briga enquanto outros claramente queriam confusão. Um dos encrenqueiros
era o goleiro Albil, que a todo instante tentava acertar um soco em alguém.
Paulo Miranda, geralmente pacato, não desferiu um golpe sequer, mas provocou os
argentinos dando a cara a tapa, literalmente, e levou cartão vermelho do árbitro chileno Enrique Osses. Até o capitão Rogério
Ceni se viu envolvido na confusão. Ele entrou em uma argumentação mais calorosa
com o técnico do Tigre, Néstor Gorosito, mas nenhuma agressão foi registrada.
Os atletas do São Paulo deixaram o foco de confusão e
foram para os vestiários. Segundo relatos de repórteres tanto da Rede Globo
quanto da Fox Sports, membros da comissão técnica e jogadores do Tigre tentaram
invadir o vestiário do time da casa. Os seguranças do Morumbi cumpriram sua
função inicial e coibiram o ato de vandalismo, rebeldia e covardia dos
argentinos.
A partir daí, os atletas do Tigre passaram a se fazer de
vítimas. Foram para o vestiário com o rabo entre as pernas e frustrados por não
terem conseguido causar mais confusão do que já haviam provocado. Praticaram
vandalismo gratuito no patrimônio do clube que os recebeu para a final da Copa
Sul-americana e agravaram a animosidade. Alguns membros da comissão do Tigre
alegaram que só destruíram portas e prateleiras para se proteger da
agressividade aparentemente irracional dos seguranças do São Paulo.
Há relatos de membros da comissão técnica do Tigre que
entraram, novamente, em conflito com seguranças particulares do São Paulo
Futebol Clube. Isso, obviamente, deve ter desencadeado ferimentos de ambos os
lados. Um atleta dos visitantes teria levado três pontos no braço após o conflito. Integrantes dos dois grupos que participaram da briga foram à delegacia
prestar queixa e fazer exame de corpo e delito, segundo a Fox Sports.
Diante de toda a situação, o Tigre, com desvantagem
considerável no placar e sabendo de sua insignificância técnica perante o São
Paulo, decidiu tentar sair do Morumbi como mártir de um conflito gerado por eles mesmos.
O jornalista André Rizek, que alegou não querer dar uma
de “Pacheco” e defender cegamente uma equipe do País, fez justamente o
contrário: defendeu cegamente a equipe argentina. No programa matinal da
SporTV, primeiro começou ponderado, dizendo que deveríamos esperar a acareação
do ocorrido para fazer qualquer julgamento, mas passou a dar crédito à versão dos
argentinos, contestando a atitude do São Paulo Futebol Clube como
instituição e até mesmo concordando com alegações de dirigentes argentinos.
É difícil precisar o que realmente houve no vestiário do
Tigre. Os “hermanitos” alegam que um segurança do São Paulo sacou uma pistola e ameaçou os atletas, o que foi prontamente rechaçado tanto pela diretoria
do Tricolor Paulista, que afirmou ser impossível um funcionário do clube portar arma
sem autorização da Polícia Federal, quanto pela Polícia Militar do Estado, que,
por meio de um sargento, afirmou não ter encontrado qualquer indício de alguém
portando ilegalmente uma arma.
O técnico Ney Franco, em entrevista coletiva após o jogo,
adotou a postura correta, firme, de criticar duramente os argentinos e cobrar
providências da Conmebol, que reconheceu oficialmente o São Paulo como campeão
do torneio. “Eles pipocaram. A palavra é essa: pipocaram”, definiu Ney Franco,
categórico, referindo-se ao clube adversário.
Talvez o São Paulo tenha ajudado a colocar fogo na
disputa ao não permitir que os argentinos reconhecessem o gramado do Morumbi
devido ao show da Madonna e ao tentar impedir que os adversários se aquecessem
no local, mas nada disso pode servir como desculpa para o Tigre. Nem para
justificar o banho de bola que levou no primeiro e único tempo da partida, nem
para dizer que isso os motivou à agressividade tresloucada demonstrada em campo
e fora dele.
É lamentável que uma decisão de torneio continental
termine de uma forma tão negativa e, até certo ponto, melancólica, mas de
maneira nenhuma isso tira o mérito e o brilho do São Paulo, que na campanha
campeã não levou um gol sequer atuando no Morumbi e bateu os atuais vencedores
do torneio, a Universidad de Chile, por 7 a 0 no placar agregado.
Valeu também pela despedida emocionante e histórica do
garoto Lucas, que segue os passos do ídolo são-paulino Raí e se apresenta ao
Paris Saint-Germain em janeiro. O meia-atacante terá oportunidade de mostrar
seus dribles curtos e velocidade jogando ao lado de craques como Ibrahimovic e
o zagueiro Thiago Silva. Ele ainda terá a companhia de outro ídolo recente
do São Paulo, o uruguaio Lugano, que infelizmente está encostado na equipe
francesa.
Não acho que o São Paulo esteja 100% correto no modo como
tratou o Tigre ou como seus seguranças procederam no decorrer do jogo, mas o
time argentino possui a maior parcela de culpa por toda a confusão gerada. Eles,
desde a primeira partida, agrediram indiscriminadamente os atletas do Tricolor; causaram a expulsão de Luís Fabiano, artilheiro do ano do São Paulo, com uma
simulação de Donatti, que chegou até a pedir desculpas pelo ato; e tentaram
invadir, pelo menos até onde se sabe, o vestiário do São Paulo, algo
inadmissível no futebol.
Muitos erros foram cometidos, mas que os jornalistas
brasileiros sejam menos “coxinhas” e exaltem atitudes como a de Ney Franco, que
não foi passivo perante o papelão argentino, e parem de enaltecer e endeusar
qualquer coisa da Argentina só porque é o país de origem de Messi (que, verdade
seja dita, não deve nem conhecer Buenos Aires se bobear. Ele viveu muito mais
na Espanha do que em qualquer outro lugar).
Não prego a xenofobia, que acho estúpida e desnecessária,
já que, quando na Argentina, brasileiros e praticamente qualquer outro povo são
extremamente bem tratados, mas prego a cautela para com times argentinos que,
como sua imprensa já vem demonstrando, provavelmente trabalharão em retaliações
na Libertadores do ano que vem.
Espero que São Paulo e Tigre se encontrem em algum ponto
da competição. O Tigre não poderá fugir de novo e, desta vez, o São Paulo terá
oportunidade de aplicar a devida goleada nos “hermanitos” covardes e maus
perdedores!
Agradecimento merecido ao Lucas, que prometeu retornar ao São Paulo (Foto: Vipcomm)
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