terça-feira, 19 de julho de 2011

Diário de Bordo (parte VII)

Meu tempo em Vegas está prestes a acabar. Tenho pouco menos de 1 semana por aqui e, apesar de saber que as possibilidades são infinitas e de ter ingressos pro show do INXS em mãos, provavelmente esses últimos dias serão usados para comprar os presentes e pedidos que ainda faltam .Essas férias estão sendo memoráveis. Uma das melhores que já passei. Fiz várias coisas divertidas, conheci lugares, me aventurei por outros e estreitei laços. Não tenho do que reclamar (muito pelo contrário).

Minha tia, uma anfitriã maravilhosa que acaba de ficar 1 ano mais velha,  possui a Globo Internacional e assiste às novelas. Acabei acompanhando-a durante alguns episódios e fiquei abismado com a qualidade do material. É péssimo. Não me entenda mal, as novelas são muito bem produzidas e, a cada ano que passa, mais esforço e trabalho é empregado (pelo menos é o que dizem). O que as torna ruins são os personagens. Todos são babacas. A que eu assisti era a novela das 9 ( antes chamada de “novela das 8”).

O nome brega que mais parece o tema de uma turnê da Baby Consuelo (“Insensato Coração”) é o menor dos problemas. Os mocinhos são um casal jovem, rico e bonito que gosta de ostentar e fazer piadas sem graça. O rapaz é filho do Antônio Fagundes (tentando dar uma de galã sexagenário) e a mulher é uma loira genérica qualquer. É uma cretinice sem tamanho. Os outros núcleos são compostos por gente que fala demais ou bebe demais ou transa demais ou engana demais ou é malvado demais ou então tudo isso junto. Não vou ficar comentando sobre o fato de as novelas serem sempre a mesma coisa e você ter idéia do que vai acontecer no fim desde o primeiro episódio, mas quando eu era criança eu conseguia me divertir com as histórias. Lembro de uma chamada “O Clone” com uma trama toda complicada e misteriosa envolvendo clonagem (como era de se esperar), religiosidade e, como de costume, uma história de amor. Se não me engano até alguma coisa sobre drogas estava lá. Era divertido assistir. Uma outra chamada “O Beijo do Vampiro” era besta, mas possuía falas engraçadas. Os roteiristas parecem ter simplesmente aceitado a estagnação do gênero e começaram a subestimar a inteligência do espectador. Não posso dizer que gosto disso.

No entanto, novelas não me interessam, então realmente não faz tanta diferença. Apenas achei pontual comentar. Minha tia disse que, vivendo aqui tão distante do Brasil, mesmo esses produtos de qualidade duvidosa são um alívio nessa selva de pedra e cheia de gringo. As imagens do Rio de Janeiro, os diálogos inteiramente em português, tudo isso é bastante confortante para quem não pode viver no seu país de nascença. Eu sinceramente entendo. Não sou obrigado a achar o diabo da novela boa, mas entendo o sentimento que ela traz.

Qualiás, nesse episódio que tive o prazer de assistir, houve um show da Nana Caymmi (não faço a menor idéia se é assim mesmo que se escreve) e os personagens da novela exaltaram o acontecimento e se encantaram e tudo mais. Eu entendo perfeitamente.  Ante-ontem (sábado) fui ao show da lenda viva Bob Dylan, no cassino Palms, e fiquei extasiado. O Bob está velho, um pouco senil e, da cadeira onde eu estava, parecia que havia fugido de um asilo, todo encolhido e raquítico. Isso não apaga, de maneira nenhuma, o brilho da apresentação. Mesmo quase sem voz e fôlego, ele cantou, tocou e até arriscou uns passos de dança na sua performance de mais de 1h30, um tempo impressionante para um senhor de idade. Ele tocou sucessos como Like A Rolling Stone (que “só” inspirou o Mick Jagger e Keith Richards a montarem e nomearem sua banda) e It Ain’t Me Babe, mas deixou vários outros de fora. Tudo bem, não tenho do que reclamar, ele foi perfeito independente de qualquer coisa. Posso dizer que vi Bob Dylan ao vivo e isso não tem preço. A reação da platéia ao fim do concerto não era outra senão reverência a um dos mestres da música. Um espetáculo sem a necessidade de pirotecnias ou mesmo de interação com os espectadores (ele não trocou um “ah” com o público), um deleite pura e simplesmente pela música ali tocada. Isso é algo muito raro e que poucas bandas conseguem proporcionar. Uma exclusividade do Rock N’ Roll também.

Talvez eu devesse comentar sobre minha ida ao lago de Las Vegas e minhas tentativas de praticar Wakeboard. A experiência deixou cada parte do meu corpo dolorida (sem exagero) e algumas queimaduras de sol em lugares improváveis (cotovelo, orelha, canela...). Não consigo segurar uma faca com firmeza suficiente para cortar sequer um tablete de manteiga há uns 2 dias, meu ante-braço está inchado e roxo. Deixando de lado o resultado da aventura, devo dizer que me diverti um bocado. Nunca pensei que amarrar uma bóia à traseira de um barco e tentar permanecer nela enquanto o barco faz ziguezagues a 40 milhas por hora fosse tão bacana, uma emoção e adrenalina que ainda não havia sentido. O efeito colateral foi severo, mas valeu a pena. O dono do barco, Steve, parecia um personagem perdido do G.I Joe, todo musculoso e com um sorrisão de propaganda de pasta de dente, mas era um cara gente-boa e agradável. Talvez essa tenha sido minha última grande aventura em solo norte-americano (será!?) e devo dizer que, caso tenha sido realmente, foi um ótimo encerramento para férias incríveis. Vou retornar para o Google agora, há coisas que precisam ser encontradas...

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